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terça-feira, janeiro 29, 2013


 
 
DEPRESSÃO

 
Um humor deprimido, perda de interesse ou prazer são os sintomas básicos de depressão. o transtorno depressivo afeta 3% a 11% da população ao ano, exercendo considerável impacto econômico. Infelizmente permanece sem diagnóstico e sem tratamento em 30% a 50% dos casos.
A depressão está inclusa no Bloco do CID-10 de Transtornos de Humor. Nestes transtornos a perturbação fundamental é uma alteração do humor, usualmente para depressão (com ou sem ansiedade associada) ou elação. Essa alteração do humor é normalmente acompanhada por uma alteração no nível global de atividade e a maioria dos outros sintomas é secundária ou facilmente compreendida no contexto de tais alterações. A maioria desses transtornos tende a ser recorrente e o início dos episódios individuais é frequentemente relacionado com eventos ou situações estressantes. Os sintomas mais comumente percebidos partem tanto de alterações fisiológicas quanto de mudanças de estados emocionais e cognitivos.
 As pessoas, normalmente, experimentam uma ampla faixa de humores e têm repertório variado de expressões afetivas; elas sentem-se no controle, mais ou menos, de seus humores e afetos. Os transtornos de humor constituem um grupo de condições clínicas caracterizadas pela perda deste controle e de uma experiência subjetiva de grande sofrimento (Kaplan, Sadock, Grebb, 1997).
Os pacientes com humor elevado mostram expansividade, fuga de idéias, sono diminuído, auto-estima elevada, e idéias grandiosas. Os pacientes com humor deprimido têm perda de energia e interesse, sentimentos de culpa, dificuldades para concentrar-se, perda de apetite, pensamentos sobre morte e suicídio. Outros sinais e sintomas incluem alterações nos níveis de atividade, capacidades cognitivas, linguagem e funções vegetativas (sono, apetite, atividade sexual e outros ritmos biológicos). 
O termo transtorno, de acordo com a CID-10 é usado para indicar a existência de um conjunto de sintomas ou comportamentos clinicamente reconhecível associado a sofrimento e interferência com funções pessoais. Desvio ou conflito social sozinho, sem disfunção pessoal, não deve ser incluído em transtorno mental.
O Transtorno Depressivo Maior é um transtorno comum, com uma prevalência durante a vida de cerca de 15, talvez, até 25% em mulheres. O Transtorno Bipolar é menos comum que o Transtorno Depressivo Maior, com uma prevalência no período de vida de cerca de 1%, similar à esquizofrenia. Mas o curso do transtorno bipolar não é tão favorável quanto o de depressão; o custo do transtorno bipolar para os pacientes, suas famílias e a sociedade é significativo. Enquanto a maioria das pessoas com transtorno bipolar acaba recebendo atendimento médico e tratamento, cerca de metade apenas das pessoas com transtorno depressivo chega a receber tratamento específico. 
Independentemente do país ou cultura, a prevalência de transtorno depressivo unipolar é duas vezes maior no sexo feminino. As razões para tal fenômeno ainda são desconhecidos e podem, segundo Kaplan, Sadock, Grebb (1997), está relacionado a diversos estresses, parto, modelos comportamentais de aprendizado e efeitos hormonais. 
No transtorno bipolar a prevalência é igual para homens e mulheres.  
A idade de início para o transtorno bipolar varia da infância (5 ou 6 anos) aos 50 anos ou mesmo depois (em casos raros), com idade média de 30 anos. 
A idade média de início para o transtorno depressivo é de 40 anos (50% dos pacientes têm um início entre 20 e 50 anos).
História da Depressão
A depressão tem sido registrada desde a Antiguidade. A história do Rey Saul, no Antigo Testamento, descreve uma síndrome depressiva, assim como a história do suicídio de Ajax, na Ilíada, de Homero. Cerca de 400 a.C. Hipócrates usou os termos "mania" e "melancolia" para perturbações mentais. Por volta do ano 30, Aulus Comelius Celsus descreveu a melancolia em seu trabalho De re medicine como uma depressão causada pela bile negra. O termo continuou a ser utilizado por outros autores médicos, incluindo Arateus, Galeno e Alexandre de Talles, no século VI. O médico judeu, Moses Maimonides, no século XII, considerou a melancolia como uma entidade patológica distinta. Em 1685, Bonet descreveu uma doença mental à qual chamou de maníaco-melancholicus.  (Kaplan, Sadock, Grebb, 1997)
Em 1864, Jules Falret descreveu uma condição chamada de folie circulaire, na qual os pacientes experimentam humores alternados de depressão e mania. 
Emil Kraepelin, em 1899 descreveu uma psicose maníaco-depressiva que continha a maioria dos critérios usados atualmente pelos psiquiatras, para o estabelecimento do diagnóstico de Transtorno bipolar. 
EPISÓDIO DEPRESSIVO 
De acordo com o CID-10, no episódio depressivo o indivíduo sofre de perda de interesse e prazer e energia reduzida levando a uma fatigabilidade aumentada e atividade diminuída. Cansaço marcante após esforços leves é comum.  
- Concentração e atenção reduzidas;
- auto-estima e autoconfiança reduzidas;
- idéias de culpa e inutilidade;
- visões desoladas e pessimistas do futuro
- idéias ou atos autolesivos ou suicídio;
- sono perturbado;
- apetite diminuído.
Em alguns casos, ansiedade, angústia e agitação motora são mais proeminentes do que a depressão. A mudança do humor pode ser mascarada por irritabilidade, consumo excessivo de álcool, comportamento histriônico, exacerbação de sintomas fóbicos ou obsessivos preexistentes ou por preocupações hipocondríacas. Para o diagnóstico é requerida uma duração de pelo menos duas semanas, mas períodos mais curtos podem ser razoáveis se os sintomas são inicialmente graves e de início rápido (Cid-10, 1993).
De acordo com o CID-10 a presença de demência ou retardo mental não exclui o diagnóstico de um episódio depressivo tratável. 
A CID-10 considera as seguintes subcategorias para episódio depressivo: episódio depressivo leve; episódio depressivo moderado; episódio depressivo grave sem sintomas psicóticos; episódio depressivo grave com sintomas psicótico.         
Episódio depressivo leve  
Presença de humor deprimido, perda de interesse e prazer e fatigabilidade aumentada mais pelo menos dois dos outros sintomas. Nenhum dos sintomas deve estar presente em grau intenso. A duração mínima é de duas semanas. No episódio leve o indivíduo está usualmente angustiado pelos sintomas e tem alguma dificuldade em continuar com o trabalho do dia-a-dia e atividades sociais, mas provavelmente não irá parar suas funções completamente.
Episódio depressivo moderado
Devem estar presente dois ou três sintomas mais típicos; e pelo menos três (preferencialmente quatro) dos outros sintomas. Duração mínima de duas semanas. O indivíduo terá dificuldade considerável de continuar as atividades sociais, laborais ou domésticas.
Episódio depressivo sem sintomas psicóticos
Angústia ou agitação considerável. Perda de auto-estima ou sentimento de inutilidade ou culpa, provavelmente são proeminentes e o suicídio é um perigo marcante. Todos os três sintomas típicos devem estar presentes e mais pelo menos quatro outros sintomas (alguns de intensidade grave). É improvável que o paciente seja capaz de continuar suas atividades sociais, laborais ou domésticas, exceto em uma extensão muito limitada.
Episódio depressivo grave com sintomas psicóticos
Além dos critérios para episódio depressivo grave sem sintomas psicóticos há a presença de delírios, alucinações ou estupor depressivo. Os delírios envolvem idéias de pecado, pobreza ou desastres iminentes, pelos quais o paciente pode assumir a responsabilidade. Alucinações auditivas ou olfativas são usualmente de vozes difamatórias ou acusativas, ou de sujeira apodrecida ou carne em decomposição. Retardo psicomotor grave pode evoluir para estupor. Delírios e alucinações podem ser especificados como humor-congruente ou humor-incongruente.
Estupor depressivo deve ser diferenciado da esquizofrenia catatônica, do estupor dissociativo e das formas orgânicas de estupor. 
TRANSTORNO DEPRESSIVO RECORRENTE
Segundo a CID-10 são episódios repetidos de depressão, sem história de episódios independentes de elevação do humor e hiperatividade que preencham os critérios para mania. Contudo a categoria deve ainda ser mantida se há evidência de breves elevações do humor e hiperatividade leve, os quais preencham os critérios para hipomania, imediatamente após um episódio depressivo (às vezes aparentemente precipitado pelo tratamento de uma depressão). 
A CID-10 reconhece ainda as seguintes subcategorias para transtorno depressivo recorrente: transtorno depressivo recorrente, episódio atual leve; transtorno depressivo recorrente, episódio atual moderado; transtorno depressivo recorrente, episódio atual grave sem sintomas psicóticos; transtorno depressivo recorrente, episódio atual grave com sintomas psicóticos; transtorno depressivo recorrente, atualmente em remissão; outros transtornos depressivos recorrentes; transtorno depressivo recorrente, não especificado.
Características Clínicas da Depressão
Um humor deprimido, perda de interesse ou prazer são os sintomas básicos de depressão. Os pacientes descrevem como sendo de dor emocional lancinante. Alguns se queixam de serem incapazes de chorar. Cerca de 2/3 dos pacientes relata que pensa em se matar e 10 a 15% comete o suicídio. Entretanto os pacientes deprimidos, às vezes, parecem não estar conscientes da depressão e não se queixam de uma perturbação de humor, embora exibam retraimento da família, amigos e atividades que anteriormente lhe interessavam (Kaplan e Sadock, 1997).
Quase todos os pacientes queixam-se de uma diminuição da energia que resulta em dificuldade para terminar tarefas, comprometimento na escola e no trabalho e motivação diminuída para assumir novas tarefas.
Cerca de 80% dos pacientes queixam-se de problemas para dormirem, especialmente despertares nas primeiras horas da manhã e múltiplos despertares durante a noite, durante os quais rumina m sobre seus problemas. Muitos indivíduos têm perda de apetite e perda de peso. Alguns, porém, têm aumento do apetite, ganho de peso e maior sono. A ansiedade é um sintoma comum, afetando 90% dos indivíduos com depressão (Kaplan, Sadock, 1997).
As variadas mudanças no consumo alimentar e repouso podem agravar doenças médicas coexistentes, como diabetes, hipertensão, doença pulmonar obstrutiva crônica e cardiopatia. Outros sintomas incluem anormalidades menstruais e diminuição do interesse e desempenho sexual.
Os sintomas cognitivos incluem relatos subjetivos de incapacidade para concentrarem-se e comprometimento do pensamento.
Em crianças, fobia à escola e apego excessivo aos pais podem ser sintomas depressivos. Um baixo rendimento na escola, abuso de substâncias comportamento anti-social, promiscuidade sexual, faltas injustificadas à escola e fugas de casa podem ser sintomas de depressão em adolescentes (Kaplan, Sadock, 1997).
A depressão é mais comum em idosos do que na população geral. Pode estar correlacionada com baixa situação socioeconômica, perda do cônjuge, doença física concomitante e isolamento social. 
Kaplan e Sadock (1997) relatam que o retardo psicomotor generalizado é o sintoma mais comum, embora agitação psicomotora possa estar presente. A apresentação clássica de um paciente deprimido envolve uma postura curvada sem movimentos espontâneos e um olhar abatido e perdido. Quando exibem amplos sintomas de retardo psicomotor se assemelham à esquizofrenia catatônica. Muitas pessoas deprimidas apresentam uma redução da velocidade e intensidade da fala, respondendo com monossílabos, quando perguntados, e demorando em responder. Com freqüência ocorre concentração comprometida e esquecimento.
Têm risco aumentado de suicídio à medida que começam a melhorar e recuperar a energia necessária para executarem e planejarem um suicídio (suicídio paradoxal). Kaplan e Sadock (1997) dizem que um erro clínico comum consiste em prescrever a um paciente deprimido uma grande quantidade de antidepressivos (especialmente antidepressivos tricíclicos). 
Diagnóstico diferencial da depressão
Muitos transtornos médicos e neurológicos e agentes farmacológicos podem produzir sintomas de depressão. Muitos pacientes com transtorno depressivo procuram um clínico geral com queixas somáticas. 
A investigação deve incluir testes das funções da tireóide e da adrenal. Qualquer droga que o paciente esteja usando deve ser considerada como um fator potencial de transtorno do humor. Drogas cardíacas e agentes anti-hipertensivos, antiepilépticos, drogas antiparkinsonianas, analgésicos, antibacterianos e antineoplásicos, estão geralmente associados com sintomas depressivos. Os problemas neurológicos mais comuns que se manifestam com sintomas depressivos são: a doença de Parkinson, doenças causadoras de demência, epilepsia, doenças cérebro-vascular e tumores.
Referências:
depressao#ixzz2JMXRWES9
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