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sábado, agosto 04, 2012







SOLIDÃO

Pirineus de Souza
“Quando a Depressão Ataca”


Sua rotina diária foi quebrada por algum motivo, e não foi para melhor. Tudo o que você faz passa a não ter sentido. Seu  humor  está  entre  altos  e baixos; você magoa  desnecessariamente  aqueles  que  o  cercam, e  eles estão se afastando. É quando constata que está só e com todos os seus problemões. É tudo uma questão lógica.
Questione-se: você está se amando? Procura ajudar-se e ser ajudado? Está procurando resolver seus problemas? Até que ponto você está colaborando, não só com o seu terapeuta como com as demais ajudas? Ao se fechar em copas, a tendência do quadro é piorar. Se trancar em casa está sendo a solução?
Afastar os amigos o faz mais feliz? Insistir em fazer alguma coisa está indo adiante? Se você não estiver fazendo nada disso, provavelmente estará só consigo mesmo. Estará sendo o seu próprio asilo. Vale à pena? Evidente que não.
Positive a mente e as ações, lembre-se de compartilhar sua vida, pois você não está só no mundo. Procure ensinamentos e beleza nos pequenos detalhes que antes não via, nesses momentos em que está a só consigo mesmo.
Evite a falta de diálogo pelo afastamento dos meios de comunicação, para não lhe faltar assuntos atualizados. Procure antenar-se. A Internet é ultra-interessante, mas poderá aliená-lo ainda mais. Navegar é preciso, mas exige cautela.
Com a sua força de vontade, essa solidão haverá de ser passageira, vale a pena positivar-se. Como não há nada como um dia após o outro, faça do seu dia seguinte, algo mais participativo, caso não esteja se sentindo bem sozinho.
Existem muitos trabalhos comunitários; atividades que não constavam de seus planos e que agora poderão ajudá-lo a se sentir útil e ao mesmo tempo, torná-lo menos só.
Com tudo isso é passível de acometer o depressivo e, se seu caso chegar a afastá-lo de suas atividades habituais, as saídas apontadas o ajudarão a preencher o seu tempo, até voltar a estar apto para o seu dia a dia.
Torna-se controvertido quando por vezes alertamos: afaste-se de outros depressivos, ou pessoas predominantemente negativistas. Depois, recomendamos essa aproximação para sua auto-avaliação, para que compare com o seu próprio estado depressivo; ninguém melhor para fazê-lo. Outras vezes, a recomendação é que se aproxime só de pessoas de alto-astral, para que se beneficie dos seus fluídos positivos. Tudo serve como parâmetro. Seu estado de saúde mental, e seu humor, constituídos de altos e baixos, são os motivos dessa simbiose proposta. É a aproximação com o que se julga normal e com situações extremadas. Sua auto-análise, a distribuição dos problemas e soluções devem ser alojadas nos compartimentos adequados do seu cérebro. E seu amor próprio, mais do que aqueles que o cercam, será o pêndulo, o fiel da sua balança para a volta do equilíbrio.
A ciência médica está do seu lado, mas para o seu estado de angústia parece lenta. O milagre acontece com o casamento desses recursos, com a sua força de vontade.
Procure não se sentir e/ou ficar só. Essa solidão há de ser passageira, a não ser que dela tenha gostado - muitos assim o fazem. Mas se não for esse seu caso, recorde-se dos seus relacionamentos pessoais. Como eram curtidos os seus finais de semanas, suas férias, suas reuniões de amigos. Tudo isso há de voltar a ser como antes. Pode parecer agora, sobre-humano exigir isso de você, que está tão desinteressado por tudo. Mas, acredite, ela essencialmente está em sua vontade de vencer. Sobreponha-se aos seus temores de aproximações interpessoais; separe o que lhe parecer bom. Errar é humano, e sempre temos que insistir em buscar saídas não ilusórias. E ainda que débeis lhe pareçam, podem se tornar consistentes.
Ficar olhando para o teto não é a solução. A sua tristeza está aí, presente mais do que nunca, mas a sua volta, o mundo vibra. Sinta isto e saia da casca de ovo em que se meteu, procure participar.
Antes você chorava por qualquer motivo, com ou sem ele, mas os remédios devem estar colaborando e ajudando-o a controlar-se. Então, deixe essas lágrimas para outros momentos.
As suas angústias do agora exigem outros procedimentos. Você está precisando dos olhos límpidos e secos para enxergar melhor o que a vida pode lhe oferecer.
Estou à procura de um antídoto para a sua solidão e diversos caminhos já percorri.
Na peça –" Entre Oito Paredes”, de Maurício Witczar, o canal de conversação entre duas pessoas foi aberto através do telefone, que servia para preencher suas solidões. Ele funciona como lente de aumento do ser humano. É muito utilizado para sair do encarceramento urbano tecnológico, aprisionado que está dentro de suas fantasias, ou melhor, de si mesmo.
O aparelho está a seu alcance, mas pondere para utilizá-lo.
Do outro lado da linha estão pessoas preocupadas com seus próprios afazeres, mesmo seu terapeuta.
A tendência normal de quem se sente só, é procurar alguém que, se não o entende, pelo menos o escute. Contudo, autocensure-se: não fique ligando a torto e a direito. Espere que as pessoas interessadas em você o façam. A sua insônia, a sua inatividade não pode servir de arma para quem assim não se encontra. É necessário respeitar a privacidade dos outros.
Você se sente só. Mesmo em meio a uma multidão, não está nem aí para o que está acontecendo. Ficar só ou rodeado de pessoas não resolve o seu estado de espírito. O meio para se livrar do isolamento, só você e mais ninguém será capaz de encontrar. No máximo, alguém poderá sugerir algo que ainda não lhe tenha passado pela cabeça. A vontade é sua; quem sabe se trabalhar mais seja a saída? Pelo menos você estará fazendo alguma coisa produtiva.
Situações assim somente serão compreendidas por aqueles que de fato estão com seus espíritos realmente tristes.
As fugas de situações, por mais simples que sejam, são as tendências naturais para o depressivo e ficar solitário é uma delas. Dormir também é muito usual, esquecendo-se que ao acordar estará tudo igual, e nada foi feito para sanear os obstáculos. Estes que só serão solucionados se tomadas às providências - de iniciativa própria ou sugeridas - para cada caso.
Sua solidão há de ser passageira, nada mais é que uma companheira da tristeza, das horas difíceis. Com sua autodeterminação, ela passará a fazer parte de um tempo, de uma página virada. E uma vez reintegrado na sua convivência normal, você há de esquecê-la.

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