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domingo, outubro 31, 2010

                              Palestra Virtual
                      Tema: Vencendo a Depressão
                                          Palestrante: Bianca Cirilo

Considerações Iniciais do Palestrante

O tema de hoje é bem atual, tendo em vista as pressões sofridas pelo homem moderno e conseqüentemente a vivência de um vazio existencial. Vários fatores contribuem para uma Desistência de si mesmo, principalmente quando não se tem uma base religiosa ou algo que dê sentido a vida. A proposta da nossa conversa consiste em esclarecer alguns motivos que levam o homem, na atualidade, a sofrer o problema da depressão e, além disso, refletir sobre como vencê-la.

Perguntas/Respostas:

P - Até que ponto os espíritos ignorantes podem contribuir para piorar um processo depressivo?
R - Dependendo do grau de sintonia que o indivíduo esteja vivendo com esses espíritos, eles podem piorar o sentimento de inferioridade e a sensação de perda existencial. O problema se agrava na medida em que o indivíduo não conhece a si mesmo e não procura refletir sobre suas dificuldades e seus problemas emocionais.
P - Sendo a depressão uma doença dos tempos modernos, como dizem alguns psicólogos, como deve o espírita atuar perante tal fato?
R - Antes de tudo, o espírita tem o dever de se conhecer e estabelecer consigo mesmo uma relação sincera onde ele possa avaliar seus recursos internos, assim como suas quedas morais. A Doutrina Espírita reúne um corpo de conteúdos filosóficos, sociais e psicológicos que muito auxiliam na descoberta do ser consciente que todos nós somos em potencial.
P - Existem níveis ou formas diversas de depressão?
R - Sim. Existe um primeiro estágio onde o indivíduo experimenta uma espécie de apatia ou cansaço físico e mental. Num segundo estágio há um comprometimento em termos cognitivos. O que seria isso? O sujeito começa a acreditar-se fracassado, cultivando de forma contínua pensamentos de derrota e autopiedade. Num terceiro estágio esse estado de coisas pode levar até mesmo a autoflagelação até ao suicídio.
P - A ciência materialista tenta achar um "culpado" para a depressão nos genes, esquecendo da parte espiritual. Como andam estes estudos por parte dos cientistas espiritualistas, principalmente os espíritas?
R - Atualmente, Joanna de Ângelis (Divaldo Franco), assim como Hammed (Francisco do Espírito Santo), são os espíritos que mais se destacam no tocante ao esclarecimento espírita sobre o assunto. Ambos dedicam-se a esclarecer o problema da alma humana, a questão reencarnatória e a importância do auto-exame como elemento fundamental para que o espírito possa entrar em contato com o seu patrimônio espiritual e suas tendências emocionais.
P - Vemos aparecerem depressões nos jovens de hoje com muita freqüência. Sabemos que muitos fatores contribuem para isso. Será que a degradação em que a família se encontra a causa maior?
R - Não necessariamente. Sem dúvida a harmonização familiar é de suma importância para o equilíbrio dos membros.
Entretanto, cada espírito traz consigo uma série de experiências reencarnatória anteriores que respondem pela maior ou menor tendência a depressão. Joanna, por exemplo, nos esclarece que o problema da depressão está fortemente associado à dificuldade de aceitação da frustração e das novas exigências que a vida atual do espírito lhe impõe.  P P - Muitos espíritas se apressam em procurar causas espirituais para os estados depressivos. Essa conduta não é correta. Causas orgânicas devem sempre ser as primeiras investigadas... Só após tentar identificar a possibilidade espiritual. Qual a sua opinião?
R - Não podemos esquecer que o funcionamento do corpo físico depende da natureza do perispírito. Este, por sua vez, vem impregnado pelos desejos do espírito. Certamente, há correntes no campo científico que sustentam os motivos endógenos da depressão, assim como relacionam os mesmos com os fatores externos ambientais que cercam o indivíduo. Contudo, tais correntes desconsideram o problema do espírito enquanto ser imortal, e desta forma, nós espíritas, podemos pensar que o que se vive no corpo físico nada mais é do que o reflexo do ser pensante que nós somos.
P - É possível haver casos onde apareçam os sintomas psicológicos da depressão, mas não os sintomas espirituais ou físicos e vice-versa? Ou a depressão sempre afetará espírito, mente e corpo?
R - Devemos compreender que, espírito, mente e corpo funciona como uma unidade e é exatamente quando a gente separa estas categorias que a gente experimenta uma sensação de estranheza com relação a determinados sentimentos. Compreender estes aspectos separadamente seria fragmentar a realidade do ser espiritual. O que se vive no corpo, guarda estreita relação com o que a mente ou o espírito vem produzindo ao longo de sua trajetória.
P - Mas como explicar os efeitos benéficos da medicação antidepressiva? É inegável seu resultado. Você diria que é uma espécie de mascaramento das reais causas? Ou de que realmente existem casos espirituais e casos orgânicos?
R - Não poderia dizer que há uma espécie de mascaramento por que não sou médica. Não sei com profundidade até onde o medicamento atua. Entretanto posso dizer com segurança que a causa espiritual não é extirpada com o medicamento. Ela pode ser abrandada, pois os aspectos de ordem emocional necessitam serem trabalhados, o que não quer dizer que não se deva em alguns casos utilizar-se do medicamento.
P - Como diferenciar a melancolia da depressão e qual a melhor maneira de ajudar uma pessoa amiga que enfrenta dificuldades e rejeita ajuda, parecendo estar numa situação de só tentar se reerguer quando chegar ao fundo do poço?
R - A melancolia é um termo que encontramos, por exemplo, na psicanálise para expressar a questão do luto exagerado que vive uma pessoa, onde ela se identifica com o objeto perdido e, inconformada com esta perda, ela cai num processo depressivo.
Podemos dizer que houve uma mudança de nomes, mas ambas nomenclaturas referem-se a processos similares. Com relação a ajudar alguém que rejeita ajuda torna-se difícil obrigar esta pessoa a buscar recursos. A conversa franca sobre a situação demonstrando os prejuízos que aquele estado vem trazendo a vida relacional deste indivíduo é um bom caminho. Porém, não devemos esquecer que ajudar não significa assumir para si os problemas do outro. Devemos sim, mostrar a esta pessoa que estamos do seu lado, mas que é necessário que ela faça força para dar o primeiro passo.
P - A depressão é um novo nome para a melancolia (no contexto explicado no ESE)? Seria uma não-aceitação do seu estado atual... Uma saudade... Uma vontade enorme de voltar?
R - Também, mas não só isso. A natureza do espírito imortal é muito complexa. A saudade do plano espiritual é um dos motivos que pode levar o homem a sentir uma leve tristeza.
Entretanto, essa saudade não precisa ser patológica, como é o caso da depressão.
P - Depressão é uma doença do espírito?
R - Para Joanna de Ângelis, sim.
P - Ao Arrepender-se de um ato, é necessário pedir perdão?
R - O Arrependimento é o primeiro passo de tomada de consciência do ato. Ele significa que o indivíduo se vê
insatisfeito com os efeitos que o seu ato produziu.
Entretanto, não basta apenas arrepender-se. É necessário reparar os prejuízos causados pela atitude equivocada que todos nós estamos sujeitos. Daí, o ato de pedir perdão é o estágio mais maduro em que se encontra o espírito, pois no momento em que ele o realiza, ele consegue dobrar-se diante do próprio orgulho, e é tão somente neste instante que o espírito pode admitir para si que superou aquela dificuldade.


P - A mim parece que o estado depressivo começa com uma sensação de perda, como no caso da velhice, quando o idoso começa a sentir que está perdendo valores, etc., ou será que é uma “bomba" de retardo, que de repente detona?
R - Pode ser as duas coisas. A perda está sempre presente. Ela pode referir-se a uma perda real, concreta, como por exemplo, a morte de alguém, bem como se referir a um sentimento de perda que não é ainda consciente.
P - Quando se referiu à 'patologia' da saudade, quis referir-se a sua intensidade?
R - Sim.
P - Existe um ponto onde podemos definir se a depressão é um caso patológico ou influenciação espiritual?
R - O tratamento de socorro espiritual muito auxilia nesses casos, pois somente os espíritos têm controle do que de fato está acontecendo. Daí é necessário o concurso de medidas, tais como receituários, passes espíritas, etc. (
P - Como tratar a depressão de pessoas próximas e amadas?
Levando essas pessoas a profissionais, tais como psicólogos, psiquiatras, a fim de auxiliarem de forma adequada no encaminhamento das dificuldades. No que compete à família, é apoiar, estimular, encorajar, sem cair no equívoco de viver a vida do ser amado, acreditando que isso seja expressão de amor.
P - O tratamento na casa espírita pode ajudar?
R - Sem dúvida. Sempre.
P - Existem fatores físicos que podem gerar depressão?
R - Alguns médicos elucidam que há determinados neurotransmissores que atuam no sistema nervoso central e estão relacionados ao drama da depressão. Eu não arriscaria em dizer que eles são causa, mas sim efeitos de um patrimônio espiritual, refletido no corpo, que vem sendo alimentado pelo espírito.
P - Pode o tratamento da casa espírita substituir o tratamento de consultório?
R - Não. Cada um tem a uma especificidade e a sua competência. Eles podem e devem, em muitos casos, funcionar juntos.
P- Quais os motivos que levam à depressão? Os psicólogos, psiquiatras, etc., tratam de forma correta a depressão?
R - Inúmeros são os motivos que levam à depressão.
Depende da individualidade espiritual, bem como da relação que o indivíduo estabelece com o seu meio. Porém, alguns motivos parecem centrais, segundo Joanna de Ângelis, tais como busca incessante do prazer imediatista, a rotina, a falta de projeto, a dificuldade de ser contrariado, a autopiedade e a culpa.
Quanto aos psicólogos e psiquiatras, depende de quem é o psicólogo e de quem é o psiquiatra. Não podemos generalizar.
P - No movimento espírita volta e meia nos deparamos com pessoas depressivas, e comentemos o erro de tentar resolver o problema tentando trazer a pessoa para a nossa forma de pensar e agir. Há limites para nossa interferência?
Complementando, como devemos agir, quando nos deparamos com irmãos em depressão? O que dizer sugerir enfim, qual a melhor atitude a ser tomada, de modo a ajudar da forma mais efetiva possível?
R - Em primeiro lugar é ouvir, sem julgar, ou seja, nos disponibilizarmos internamente a deixar que o outro se
expresse da forma como ele deseja. O ato de ouvir, sem julgar, comumente gera em quem fala uma espécie de alívio, e isso já é bastante proveitoso. De acordo com a permissão que esta pessoa nos dê para atuar, devemos sim orientar de acordo com as nossas possibilidades, sem resvalar no equívoco de realizar diagnósticos dos quais não somos competentes e que, certamente, serão precipitados. O espírita precisa aprender a ouvir, sem se escandalizar e sem resumir aquela situação a seu acanhado ponto de vista.
P - As instituições espíritas (no caso os trabalhadores da casa) estão preparadas para lidar com pessoas que chegam com depressão? Existem cursos pra isso? Como é feito o
estudo desses casos?
R - Não posso generalizar a questão do preparo das instituições espíritas. Posso responder de acordo com o círculo acanhado de colaboradores do qual eu faço parte. Dentro da minha limitada percepção, observo ainda certo despreparo para lidar com esta questão na casa espírita. Até porque a nossa tendência é banalizar a depressão como sendo qualquer tristeza.
Aqui na nossa casa, graças a Deus, temos um curso que se chama "Autocura", cuja proposta me parece bastante eficaz como estímulo à superação da depressão. Porém, é preciso sempre que o sujeito que sofre faça a sua parte. O restante lhe vem como acréscimo.
P - Há relação entre depressão e obsessão?
R - Já havia mencionado, anteriormente, algo parecido.
Vou procurar resumir. O estado depressivo é um grande convite à obsessão. Porém, em alguns casos, não podemos esquecer que o sujeito deprimido pode estar sofrendo de auto-obsessão.
P - Quando se tem um motivo para depressão e não depende da gente para resolver, a coisa não sai do pensamento, faço orações e mesmo assim a depressão insiste como se faz?
R - Em primeiro lugar, devemos aprender a separar o que podemos mudar daquilo que não podemos mudar. Contudo, quando falamos que o motivo não depende da gente, a gente deve entender que o campo de resolução é sempre interno, ou seja, o problema não está na situação, está na forma como a gente permite que a situação tome conta de nós. Joanna nos diz que não devemos nos desgastar emocionalmente em tentar mudar fatos ou pessoas, mas podemos sim não permitir que a ressonância desses fatos dentro de nós seja tão desastrosa. Para isso, certamente, precisaremos ter a humildade de pedir ajuda, de se abrir e estabelecer conosco uma relação franca, honesta, através do autoconhecimento.

Fonte Espiritismo.net
Palestra promovida pelo IRC-Espiritismo - Rio de Janeiro

quinta-feira, outubro 21, 2010

Álcool, obsessão e depressão  
José Geraldo Rabelo
25 de Maio de 2010 |

Atualmente, uma das doenças sociais mais alarmantes é o alcoolismo. Ninguém pode negar que a cada dia a juventude começa a beber cada vez mais precoce. Iniciando nas pequenas reuniões sociais e se alastrando para quase todas as reuniões para em seguida frequentar restaurantes, bares e botequins Muitas pesquisas já foram efetuadas em torno do que poderíamos chamar de parte genética ou orgânica, de onde denominaríamos de hereditariedade que possa justificar o processo da doença do alcoolismo, mas nada fora detectado antes que o indivíduo já esteja comprometido com a doença, ou seja, inicialmente não existe nenhum fator que possa ser identificado em exames de laboratórios.
Durante o desenvolvimento deste artigo, buscarei levar ao leitor o que realmente acontece na tríade: alcoolismo-obsessão-depressão.
O alcoolismo é grave problema de natureza médica, psicológica e psiquiátrica que merece assistência urgente, como também se apresenta como terrível dano social, em face dos prejuízos orgânicos, emocionais e mentais que operam no indivíduo e no grupo social ao qual pertence.
Existem vários tipos de bebedores, uns se embriagam somente em ocasiões especiais, outros bebem todos os dias sem se embriagarem e existem aqueles que bebem diariamente para ficarem embriagados, dentre outros tipos menos específicos. Os danos que decorrem desse hábito infeliz são incalculáveis para o indivíduo e para a sociedade, assim como os prejuízos de várias ordens, inclusive econômicos, para as organizações governamentais de saúde. A embriaguez é de duração breve no seu aspecto clínico. No entanto, pode evoluir, passando por três fases: excitação, depressão e coma. Na primeira, surge a euforia, como mecanismo de libertação de conflitos emocionais reprimidos durante a abstinência. É de duração breve, relativamente entre uma hora e meia e duas horas. A depressão ocorre a seguir ou pode surgir de maneira inesperada, de chofre. O dependente entrega-se ao desmazelo, ao abandono, movimenta-se trôpego, trêmulo, numa espécie de ataxia física e mental. Oscila entre a tristeza e a alegria, apresenta sudorese abundante, náuseas, vômitos, mal-estar físico e mental. Os sentidos físicos ficam afetados, os estados oníricos tornam-se tormentosos, as alucinações fazem-se frequentes.
Lentamente o paciente começa a sofrer perturbações intelectuais e de memória, embotamento dos sentidos e distúrbios de conduta. Além desses desequilíbrios, a face apresenta-se pálida e de expressão cansada, língua saburrosa, hepatomegalia, febre, facilidade para permitir-se infecções, como gripe, erisipela, pneumonia.
Sabemos que o alcoolismo é uma doença progressiva. Muitos que se iniciam no álcool o fazem para sair da timidez, para ficar mais desinibidos e fazer parte de sua “tribo”. Não podemos negar que, quando ingerimos algum tipo de bebida alcoólica, nos sentimos “leves”, descontraídos e “falantes”, mas somente o tempo vai nos provar que tudo não passa de ilusão, pois logo podemos estar sob o domínio daquele que ontem parecia “remédio”.
O álcool é uma substância que também impede a produção de serotonina – hormônio que controla o humor – no cérebro. Primeiro vem à sensação de euforia para logo em seguida vir os processos de depressão. Não se pode negar que existe uma herança ancestral para o alcoólico. Descendente de um viciado, ele apresenta tendência a seguir o hábito doentio. Igualmente há outros fatores orgânicos, como lesões nervosas, encefalopatias, traumatismos cranianos. Do ponto de vista psicológico, podemos ser assinalados como causas, os conflitos de qualquer natureza, especialmente sexuais, empurrando para o vício destruidor. A timidez, a instabilidade  de sentimentos, o ciúme, o complexo de inferioridade, os transtornos  masoquistas propelem para a ingestão de substâncias alcoólicas como fugas das situações embaraçosas. Algumas vezes, o álcool serve para apagar lembranças ou situações desagradáveis ou de encorajamento no enfrentamento de desafios que julga não estar apto a resolver. O dependente alcoólico é portador de compromissos espirituais transatos muito grandes, à semelhança de outros enfermos. No caso específico, há um histórico anterior, em experiência passada, quando se entregou às dissipações, especialmente de natureza etílica, assumindo graves compromissos perturbadores com outros Espíritos, que lhe padeceram as injunções penosas e que o não perdoaram. Reencontrando-o, estimulam-no à antiga debilidade moral, a fim de o consumirem na alucinação, ao tempo em que também participam das suas libações, dando prosseguimento aos desaires que a ausência do corpo já não lhes permite. À semelhança de outros vícios, estabelece-se um conúbio vampirizador por parte do desencarnado, que se torna hóspede dos equipamentos nervosos, via perispírito, terminando por conduzir o paciente ao delirium tremens, como resultado de insuficiência suprarrenálica, quando o organismo exaurido tomba sob situações de hipoglicemia e hiponatremia.
Noutras vezes, prosseguem na desforra, em razão do sentimento ambíguo de amor e ódio, no qual satisfazem-se com a inspiração dos vapores etílicos que o organismo do enfermo lhes proporciona e do ressentimento que conservam embutidos no desejo da vingança.
Finalmente, entorpecem-se, embriagam-se, pela absorção da substância danosa que o perispírito assimila, enlouquecendo, além do estado infeliz e depressivo em que se encontram. Nessa situação, tomam da escassa lucidez do hospedeiro psíquico e emocional, ampliando-lhe o quadro alucinatório e levando-o à prática de atos abjetos e mesmo de crimes hediondos. A questão é tão grave e delicada que nem sequer a desencarnação do obsediado faz cessar o processo que, não raro, prossegue sob outros aspectos no Mundo Espiritual. Assim, não é inverdade que, dificilmente, encontraremos um alcoolista que não esteja acompanhado de um irmão desencarnado – obsessão, sofrendo os processos depressivos em detrimento da infelicidade causada pela culpa e deficiências hormonais – causadas pela agressão do álcool nos neurônios que provocam interrupções ou acelerações das sinapses que regulam e estimulam todos os sistemas do corpo humano que buscam harmonia e não encontram - necessária ao equilíbrio do ser para enfrentamento dos desafios necessários à sua evolução enquanto aprisionados na matéria. O corpo humano é um universo que busca a harmonia de todos os órgãos e sistemas, portanto, ao danificarmos um órgão ou agredirmos um sistema, colocamos todo universo interno e externo em desarmonia.

(José Geraldo Rabelo é psicoterapeuta, psicólogo, filósofo e escritor)
rabelojosegeraldo@yahoo.com.br  rabelosterapeuta@hotmail.com

domingo, outubro 17, 2010

NOSTALGIA E DEPRESSÃO
Joanna de Ângelis/Divaldo Pereira Franco

As síndromes de infelicidade cultivada tornam-se estados patológicos mais profundos de nostalgia, que induzem à depressão.
O ser humano tem necessidade de auto-expressão, e isso somente é possível quando se sente livre.
Vitimado pela insegurança e pelo arrependimento, torna-se joguete da nostalgia e da depressão, perdendo a liberdade de movimentos, de ação e de aspiração, face ao estado sombrio em que se homizia.
A nostalgia reflete evocações inconscientes, que parecem haver sido ricas de momentos felizes, que não mais se experimentam. Pode proceder de existências transatas do Espírito, que ora as recapitula nos recônditos profundos do ser. lamentando, sem dar-se conta, não mais as fruir; ou de ocorrências da atual.
Toda perda de bens e de dádivas de prazer, de júbilos, que já não retornam, produzem estados nostálgicos. Não obstante, essa apresentação inicial é saudável, porque expressa equilíbrio, oscilar das emoções dentro de parâmetros perfeitamente naturais. Quando, porém, se incorpora ao dia-a-dia, gerando tristeza e pessimismo, torna-se distúrbio que se agrava na razão direta em que reincide no comportamento emocional.
A depressão é sempre uma forma patológica do estado nostálgico.
Esse deperecimento emocional fez-se também corporal, já que se entrelaçam os fenômenos físicos e psicológicos.
A depressão é acompanhada, quase sempre, da perda da fé em si mesmo, nas demais pessoas e em     Deus... Os postulados religiosos não conseguem permanecer gerando equilíbrio, porque se  esfacelam ante as reações aflitivas do organismo físico. Não se acreditar capaz de reagir ao estado crepuscular, caracteriza a gravidade do transtorno emocional.
Tenha-se em mente um instrumento qualquer. Quando harmonizado, com as peças ajustadas, produz, sendo utilizado com precisão na função que lhe diz  respeito. Quando apresenta qualquer irregularidade mecânica, perde a qualidade operacional. Se a deficiência é grave, apresentando-se em alguma peça relevante, para nada mais serve.
Do mesmo modo, a depressão tem a sua repercussão orgânica ou vice-versa. Um equipamento     desorganizado não pode produzir como seria de desejar. Assim, o corpo em desajuste leva a estados emocionais irregulares, tanto quanto esses produzem sensações e enarmonias perturbadoras na conduta psicológica.
No seu início, a depressão se apresenta como desinteresse pelas coisas e pessoas que antes tinham sentido existencial, atividades que estimulavam à luta, realizações que eram motivadoras para o sentido da vida.
À medida que se agrava, a alienação faz que o paciente se encontre em um lugar onde não está a sua realidade. Poderá deter-se em qualquer situação sem que participe da ocorrência, olhar distante e a mente sem ação, fixada na própria compaixão, na descrença da recuperação da saúde. Normalmente, porém, a grande maioria de depressivos pode conservar a rotina da vida, embora sob expressivo esforço, acreditando-se incapaz de resistir à situação vexatória, desagradável, por muito tempo.
Num estado saudável, o indivíduo sente-se bem, experimentando também dor, tristeza, nostalgia,  ansiedade, já que esse oscilar da normalidade é característica dela mesma. Todavia, quando tais  ocorrências produzem infelicidade, apresentando-se como verdadeiras desgraças, eis que a depressão se está fixando, tomando corpo lentamente, em forma de reação ao mundo e a todos os seus elementos.
A doença emocional, desse modo, apresenta-se em ambos os níveis da personalidade humana: corpo e mente.
O som provém do instrumento. O que ao segundo afeta, reflete-se no primeiro, na sua qualidade de     exteriorização.
Idéias demoradamente recalcadas, que se negam a externar-se - tristezas, incertezas, medos,  ciúmes, ansiedades - contribuem para estados nostálgicos e depressões, que somente podem ser resolvidos, à medida que sejam liberados, deixando a área psicológica em que se refugiam e libertando-a da carga emocional perturbadora.
Toda castração, toda repressão produz efeitos devastadores no comportamento emocional, dando     campo à instalação de desordens da personalidade, dentre as quais se destaca a depressão.
É imprescindível, portanto, que o paciente entre em contato com o seu conflito, que o libere, desse     modo superando o estado depressivo.
Noutras vezes, a perda dos sentimentos, a fuga para uma aparência indiferente diante das desgraças próprias ou alheias, um falso estoicismo contribuem para que o fechar-se em si mesmo, se  transforme em um permanente estado de depressão, por negar-se a amar, embora reclamando da falta de amor dos outros.
Diante de alguém que realmente se interesse pelo seu problema, o paciente pode experimentar uma     explosão de lágrimas, todavia, se não estiver interessado profundamente em desembaraçar-se da     couraça retentiva, fechando-se outra vez para prosseguir na atitude estóica em que se apraz, negando o mundo e a ocorrência desagradável permanecerá ilhada no transtorno depressivo.
Nem sempre a depressão se expressará de forma autodestrutiva, mas com estado de coração pesado ou preso, disfarçando o esforço que se faz para a rotina cotidiana, ante as correntes que prostram no leito e ali retêm.
Para que se logre prosseguir, é comum ao paciente a adoção de uma atitude de rigidez, de     determinação e desinteresse pela sua vida interna, afivelando uma máscara ao rosto, que se apresenta patibular, e podem ser percebidas no corpo essas decisões em forma de rigidez, falta de movimentos harmônicos...
Ainda podemos relacionar como psicogênese de alguns estados depressivos com impulsos suicidas, a conclusão a que o indivíduo chega, considerando-se um fracasso na sua condição, masculina ou feminina, determinando-se por não continuar a existência. A situação se torna mais grave, quando se acerca de uma idade especial, 35 ou 40 anos, um pouco mais, um pouco menos, e lhe parece que não conseguiu o que anelava, não se havendo realizado em tal ou qual área, embora noutras se encontre muito bem. Essa reflexão autopunitiva dá gênese a estado depressivo com indução ao suicídio.
Esse sentimento de fracasso, de impossibilidade de êxito pode, também, originar-se em alguma agressão ou rejeição na infância, por parte do pai ou da mãe, criando uma negação pelo corpo ou por si mesmo, e, quando de causa sexual, perturbando completamente o amadurecimento e a expressão da libido.
Nesse capítulo, anotamos a forte incidência de fenômenos obsessivos, que podem desencadear o     processo depressivo, abrindo espaço para o suicídio, ou se fixando, a partir do transtorno psicótico,
direcionando o paciente para a etapa trágica da autodestruição.
 
Seja, porém, qual for a gênese desses distúrbios, é de relevante importância para o enfermo considerar que não é doente, mas que se encontra em fase de doença, trabalhando-se sem autocomiseração, nem autopunição para reencontrar os objetivos da existência. Sem o esforço pessoal, mui dificilmente será encontrada uma fórmula ideal para o reequilíbrio, mesmo que sob a terapia de neurolépticos.
O encontro com a consciência, através de avaliação das possibilidades que se desenham para o     ser, no seu processo evolutivo, tem valor primacial, porque o liberta da fixação da idéia depressiva, da autocompaixão, facultando campo para a renovação mental e a ação construtora.
Sem dúvida, uma bem orientada disciplina de movimentos corporais, revitalizando os anéis e     proporcionando estímulos físicos, contribui de forma valiosa para a libertação dos miasmas que intoxicam os centros de força.
Naturalmente, quando o processo se instala - nostalgia que conduz à depressão - a terapia bioenergética (Reich, como também a espírita), a logoterapia (Viktor Frankl), ou conforme se apresentem as síndromes, o concurso do psicoterapeuta especializado, bem como de um grupo de ajuda, se fazem indispensáveis.
A eleição do recurso terapêutico deve ser feita pelo paciente, se dispuser da necessária lucidez para     tanto, ou a dos familiares, com melhor juízo, a fim de evitar danos compreensíveis, os quais, ocorrendo, geram mais complexidades e dificuldades de recuperação.
Seja, no entanto, qual for a problemática nessa área, a criação de uma psicosfera saudável em torno     do paciente, a mudança de fatores psicossociais no lar e mesmo no ambiente de trabalho constituem valiosos recursos para a reconquista da saúde mental e emocional.
O homem é a medida dos seus esforços e lutas interiores para o autocrescimento, para a aquisição das paisagens emocionais.

(trecho extraído do livro “AMOR IMBATÍVEL AMOR")


domingo, outubro 03, 2010

DIAS DE SOMBRA

Joanna de Ângelis - Divaldo Pereira Franco

Coincidentemente, há dias que se caracterizam pela sucessão de ocorrências desagradáveis. Nada parece dar certo. Todas as atividades se confundem, e os fatos se apresentam deprimentes, perturbadores. A cada nova tentativa de ação, outros insucessos ocorrem, como se os fenômenos naturais transcorressem de forma contrária.
Nessas ocasiões, as contrariedades aumentam, e o pessimismo se instala nas mentes e na emoção, levando-as a lembranças negativas com presságios deprimentes. Quem lhe padece a injunção tende ao desânimo, e refugia-se em padrões psicológicos de auto-aflição, de infelicidade, de desprezo por si mesmo. Sente-se sitiado por forças descomunais, contra as quais não pode lutar, deixando-se arrastar pelas correntes contrarias, envenenando-se com o mau humor. São esses, dias de provas, e não para desencanto; de desafio, e não para a cessação do esforço. Quando recrudescem as dificuldades, maior deve ser o investimento de energias, e mais cuidadosa a aplicação do valor moral da batalha.
Desistindo-se sem lutar, mais rápido se dá o fracasso, e quando se vai ao
enfrentamento com idéias de perda, parte do labor já está perdido.


Nesses dias sombrios, que acontecem periodicamente, e às vezes se tornam contínuos, vigia mais e reflexiona com cuidado. Um insucesso é normal, ou mesmo mais de um, num campo de variadas atividades. Todavia, a intérmina sucessão deles pode ter gênese em fatores espirituais perniciosos, cujas personagens se interessam em prejudicar-te, abrindo espaços mentais e emocionais para intercâmbio nefasto contigo, de caráter obsessivo.
Quanto mais te irritares e te entregares à depressão, mais forte se te fará o cerco e mais ocorrências infelizes tomarão forma. Não te debatas até a exaustão, nadando contra a correnteza. Vence-lhe o fluxo, contornando a direção das águas velozes. Há mentes espirituais maldosas, que te acompanham, interessadas no teu fracasso. Reage-lhes a insídia mediante a oração, o pensamento otimista, a irrestrita confiança em DEUS.
Rompe o moto-contínuo dos desacertos, mudando de paisagem mental, de forma que não vitalizes o agente perturbador. Ouve uma música enriquecedora, que te leve a reminiscências agradáveis ou a planificações animadoras.
Lê uma pagina edificante do Evangelho ou de outra obra de conteúdo nobre, a fim de te renovares emocionalmente.
Afasta-te do bulício e repousa; contempla uma região que te arranque do estado desanimador. Pensa no teu futuro ditoso, que te aguarda.
Eleva-te a DEUS com unção e romperás as cadeias da aflição.
 
***
Há sempre Sol brilhando além das nuvens sombrias, e quando ele é colocado no mundo íntimo, nenhuma ameaça de trevas consegue apagar-lhe, ou sequer diminuir-lhe a intensidade da luz. Segue-lhe a claridade e vence o teu dia de insucessos, confiante e tranqüilo.
(Mensagem extraída da obra "MOMENTOS DE SAÚDE")