Técnicas de Psicoterapia Holística,
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sábado, junho 22, 2013


 
 
 
 
Ela Aposentou Você – Literalmente

Pirineus de Souza - Quando a Depressão Ataca


 
Na turbulência do período depressivo, entre os altos e baixos, chegou-se à conclusão que você não poderia mais desempenhar o seu trabalho. Sem condições de uma readaptação, você foi afastado, enfim, suas expectativas de  uma  aposentadoria a  longo  prazo  se anteciparam. Seu mundo ficou mais estranho ainda, sem a rotina costumeira que era sua   vida. O presente, o futuro se apresenta como um grande vazio, sem perspectivas imediatas. Você não teve tempo de se preparar para essa aposentadoria compulsória e agora se vê frente a tudo isso.
Apesar de ter a tristeza sob controle, você não encontra caminhos para essa nova fase de sua vida, você não tem essa realidade sob controle. O que fazer? Você ainda está jovem, ou meia idade, quem sabe até na terceira? Ficar em casa? Trancar- se em si mesmo? Você não tem o que fazer, não tem aonde ir, sua renda mensal diminuiu, ou se você tem boa situação financeira, não sabe, ou não quer encarar a realidade. E agora, o que fazer, aonde ir, ou por onde ir? Como o seu problema e à categoria a que agora pertence não lhe permite conseguir novo emprego regular, ou talvez as Leis o impeçam, o que fazer?
Conscientizar-se da nova situação. Afinal, tempo não deve faltar-lhe para planejar agora o que deverá ser feito mais à frente. O que mais você sabe fazer além do que fazia antes?
Enquanto trabalhava, tinha vontade de fazer outra coisa? Pergunta-se. O que lhe parece mais interessante está ao alcance da sua saúde física e mental? Seja franco com você mesmo, afinal é essa sua vontade e verdade, onde você não é coadjuvante e sim a estrela principal da peça que a vida lhe pregou. Pensando dramaticamente, a verdade é essa, mas pode ser vista de diversos ângulos. Procure o mais correto dentro dessa nova realidade.
Você está vivo e tem suas aptidões para um novo recomeçar. Você deve se reciclar para projetos menos ambiciosos, até onde você possa chegar, pois agora você já sabe das suas limitações. Novo ou velho para alguma atividade, mas capaz ainda de ser produtivo, com fins lucrativos ou não.
Aproveite bem o seu tempo nessa sua análise, se é que ainda não a tenha feito, por qualquer motivo que seja. Você é uma pessoa sofrida, pois chegou até onde chegou, e não por vontade própria. Foi casual, uma dura prova e bem ou mal, insisto, você está vivo, o que é mais importante.
Não manter-se inativo, eis a questão. É um fato perante a você, que não deve se poupar em provar novas possibilidades, comparando o que deu certo antes e o que não deu. Com esses dados em mãos, procure onde e como aplicá-los no presente. Você não é mais, ou tão competitivo quanto antes e nem procure sê-lo, você tem que se preservar. Tem que se acautelar.
Agora, de alguma forma, você tem limitações e deve ter aprendido a respeitá-las. Não entenda essas colocações como incapacidade, só que o quadro agora é diferente e você deve aceitá-lo.
O mundo está mudando e já está na fase em que as atividades antes exercidas fora de casa, agora podem ser executadas dentro dela, em seu próprio local de moradia, - o que vislumbra mais possibilidades de escolha para você.
Lembre-se de pequenas coisas aprendidas ao longo da sua vida, com certificados ou não, mas experimente fazer os serviços de que ainda é capaz. Comece pelos mais básicos, o que não significa que seja para qualquer um fazer. Mas, você é capaz de realizá-los bem, e sem carteira de trabalho assinada.
Você é ótimo para cozinhar, porque não pilotar o fogão, mesmo que antes você tenha pilotado um Boeing ou um fórmula um?
Você gosta de ler de tudo, porque não ler os classificados? Lá você poderá encontrar algo que jamais passou pela sua cabeça fazer e, no entanto, é feito sob medida para você. Pense em tudo o que você poderia fazer se tivesse tempo, mas não tinha, seu negócio era outro 
Antes em sua rotina, tudo funcionava como engrenagens perfeitas, sincronizadas, mas agora já não é mais assim e pode até ser melhor para você. Tinha-se espírito de grandeza, deixe-o de lado. O seu contexto agora é outro e você terá que se adequar a ele. Pode estar em fazer coisas simples, menos complicadas e aí pode estar o prazer de fazê-las. Desça os degraus da fama que poderão ter sido até fictícios - e mesmo que não tenham sido, provavelmente o fizeram chegar lá e aqui. Reconhecendo seus limites, não incorrerá nos erros anteriores, não que não tenha sido capaz, mas fatores adversos atravessaram seu projeto.
Procure cercar-se de coisas prazerosas, crie. Cuide do seu principal cartão de visita que é você próprio. Tenha melhores cuidados com a aparência, pois agora você tem disponibilidade de tempo.
Naquilo que você desempenhava com louvor, torne-se ou crie uma assessoria, tenha seu escritório particular. A vantagem reside no fato de não ter que superar-se em quantidade. A dosagem poderá ser equilibrada e mais eficaz. E por falar em eficácia, talvez aí tenha residido a sua maior falha. Tudo era eficiência, mas perdida em eficácia, preocupado com a quantidade de realizações que nem sempre surtiram os efeitos esperados.
Procure ocupar-se para não ter uma vida vegetativa, o que será a morte em vida. Compare o seu caso com outros, por exemplo – assista a uma partida de jogo entre paraplégicos e veja como se superam. Observe um cego caminhando em rua. Na construção vizinha, observe os trabalhadores fazendo grandes esforços físicos, mesmo tendo uma alimentação precária. Olhe
aqueles braçais trabalhando sob um sol causticante, ou sob a chuva. A sua secretária do lar, todo dia limpa, cozinha, lava, passa e sinta como é uma tarefa árdua. Observe a luta diária de um camelô, de um faxineiro, do vendedor ambulante, do engraxate. Observe a dignidade com que desempenham suas atividades, agradecendo em vez de reclamar.
Preste atenção em um formigueiro, um apiário, um cupinzeiro e sinta as suas organizações; veja como funcionam; sinta como são construídas. Nessas observações do simples, se situe e sinta como você, para chegar até aqui, se complicou.
Agora é hora de análise, não de uma reparação por você ter tido tantas aspirações, concretizadas ou não. Incentivado ou por iniciativa própria, foi uma arma que você disparou contra si próprio.
Você tentou cumprir seu papel, julgou-se e foi julgado capaz, mas a carga foi excessiva, seus neurotransmissores, por uma química inadequada, entraram em curto. Não foi culpa voluntária sua, você não previu as conseqüências e nem podia: não tinha esse tempo para refletir sobre o assunto. O amor ao seu trabalho foi à razão do seu existir, maior que a si próprio.
Até a sua família, talvez tenha ficado em segundo plano. O presente momento é de recompor esse vaso de porcelana que se desfez. Recomponha-o com cautela, mas eficazmente. Tente deixar o mínimo possível de defeitos em sua restauração. Ele poderá não ficar tão bonito como antes, mas guardará muitas lições de vida e você, mais que ninguém, saberá dar-lhe o devido valor.
Tire o sentimento de culpa da sua mente. Por ter chegado até aqui, considere-se um herói para consigo mesmo, pois chegou vivo, e o momento é de aprender a vivenciar e tornar seus dias, em experiências agradáveis. É hora de se simplificar.
Torne-se mais íntimo de você mesmo, agora que se conhece melhor; deixe aquele ser complexo no passado.
Você se tornou um passarinho criado na gaiola da sua rotina. Agora, livre dela, não sabe se virar como seus irmãos criados como manda a natureza. É como se agora você tivesse saído do ovo: terá que se empenar e treinar para alçar vôos.
Entenda esse processo para enfrentar a nova vida, você é um passarinho não um vegetal, eis a diferença. Sua missão é cumprir esse novo ciclo evolutivo e voe, inicialmente só por perto do ninho. Gradativamente, vá conquistando o seu espaço que ainda poderão ser amplos depende só de você, da sua força de vontade e persistência.
Nunca é tarde. Procure por em execução os seus sonhos. Mas que sejam plausíveis, compreensíveis, realizáveis dentro de suas novas condições.
Em "O Pedaço Perdido", Harold S. Kushner fala sobre o círculo que perdeu um pedaço de si, assim como um queijo redondo perde uma fatia. Para voltar a ser perfeito, saiu pelo mundo afora a procura do seu pedaço faltante. Nessa busca incessante e com dificuldade em locomover-se, observava tudo ao seu redor. Pormenores que antes perfeito, ele não via.
Após exaustivas buscas, encontrou um pedaço que lhe encaixava e assim pode sair pelo mundo, como antes. Mas assim, o mundo não era detalhado, não via as flores, os pássaros... Então, ele parou, deixou o pedaço que havia encontrado de lado e continuou a rolar, lentamente. "O tempo, tem o tempo que o tempo tem", além de ser relativo.